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13 Jun
2016

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Como cai no Enem 2016: Oriente Médio e Estado Islâmico

Professor explica como os temas podem ser cobrados nas questões e na redação do Enem

por Laís Chaves

Em março deste ano, a cidade de Bruxelas, capital da Bélgica, sofreu ataques terroristas ao seu aeroporto internacional e à estação de metrô de Maelbeek. No início do ano, Istambul, a maior cidade da Turquia, também foi alvo de um atentado terrorista com bomba, matando e ferindo pessoas que passavam pela Praça Sultanahmet.

A autoria dos ataques foi do grupo Estado Islâmico, também responsável por outros atentados suicidas com bombas, como os que vitimaram mais de 400 pessoas em Paris, segundo o Governo francês, em novembro de 2015. O grupo também atacou Jacart, na Indonésia, Beirute, na Turquia, Kuwait, nos Emirados Árabes, e atualmente ocupa a cidade de Faluja, no Iraque, mantendo diversas famílias reféns.

Para entender como essas e outras questões relativas ao Oriente Médio podem ser cobradas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2016, a Universia Brasil entrevistou o professor de história do curso Poliedro Daniel Gomes de Carvalho. A seguir, leia as dicas do professor e entenda como o tema cai no Enem:

Enem 2016: Conflitos no Oriente Médio

O professor do Poliedro acredita que, para o aluno ter um bom desempenho no Enem e outros vestibulares, é essencial ter uma noção da formação histórica do Iraque, das questões que envolvem a Síria e as origens dos conflitos no Oriente Médio. “ O aluno tem a ideia de que ele precisa ser um decorador de notícias. É claro que ele tem que conhecer a notícia, mas também entender por que aquilo aconteceu”, diz Carvalho.

Para saber mais sobre a Síria e o Iraque, por exemplo, o estudante deve voltar no livro de História até as páginas que tratam sobre a Primeira Guerra Mundial. “Quando o Império Turco Otomano se desfez, as atuais fronteiras do Oriente Médio começaram a se configurar”, explica.

Ainda sobre o tema, Carvalho conta que o Iraque passou pelas mãos da Inglaterra, sofreu diversos golpes de Estado e teve vários governos ditatoriais, até chegar à ascensão de Saddam Hussein ao poder, que era um ditador sunita comandando uma população xiita, duas vertentes diferentes do islamismo.

 “Também é preciso entender [...] o problema causado pela derrubada do Saddam Hussein pelos EUA, com a invasão do Iraque”, conta o professor. Segundo ele, os norte-americanos invadiram a região e tiraram o ditador do poder, com o pretexto de procurar por armas químicas, que, na realidade, não existiam. “Com a derrubada [de Saddam Hussein] os EUA não conseguiram criar um poder que harmonizasse as diversas forças que existiam lá dentro, causando uma explosão de grupos revoltos no Iraque”, completa.

Já na Síria, segundo Daniel, o contexto é outro. “O país tem uma ditadura que se mantém até hoje com apoio forte da Rússia e, durante a Primavera Árabe, os EUA apoiaram grupos de oposição a essa ditadura”, explica. O professor conta que o que hoje é o Estado Islâmico, formado por radicais sunitas, era um desses grupos rebeldes, envolvidos nos dois conflitos (Síria e Iraque).

“Ele (o Estado Islâmico) se aproveitou desse vazio de poder, da situação de pobreza do Oriente Médio, de um radicalismo islâmico latente, que se relaciona também com todas essas questões geopolíticas, e ganhou força nesse espaço vazio”, conta o professor.

Como cai no Enem: questões da prova

Apesar de o Enem ser focado em assuntos nacionais, questões sobre o Oriente Médio podem, sim, aparecer na prova. No ano em que aconteceu a primavera árabe, por exemplo, o tema foi pedido no exame. Mas, segundo o professor, esse assunto raramente é cobrado de forma direta. “Sempre há a apresentação de textos e imagens, então é mais exercitar a leitura, a interpretação e confrontar visões diferentes”, conta.

Um conselho dado pelo historiador é tomar cuidado com unilateralismos, que são bastante combatidos pelo Enem. “Se a pessoa tem uma visão muito fechada, muito pronta, isso pode atrapalhar, pois o Enem pode induzir ela ao erro pelo preconceito. Por exemplo, tem gente que acha que todo islâmico é árabe, ou que todo o islâmico é terrorista. Isso é um preconceito e às vezes ele aprece como uma pegadinha em uma das alternativas”, opina.

Segundo Carvalho, o tema pode ser cobrado tanto na prova de História como na de Geografia. “Em uma questão de História, por exemplo, poderia aparecer um texto sobre o Estado Islâmico hoje, com uma pergunta sobre islamismo, até para romper preconceitos, já que o Estado Islâmico não é necessariamente sinônimo de islamismo”, sugere o professor.

Daniel também acredita que possam aparecer questões relacionando o Estado Islâmico com a Primeira Guerra Mundial, o imperialismo e as origens de todos esses conflitos. Em Geografia, o professor aposta em exercícios voltados para geopolítica, como, por exemplo, o papel da Rússia em todo o processo, além de charges sobre jogos de poder.

Oriente Médio na Redação do Enem

O professor do Poliedro não acredita na possibilidade de o tema ser cobrado de forma direta, mas acha provável que apareça como um gancho. “Há questões como xenofobia, terrorismo, intolerância, como lidar com as diferenças”, explica o professor, sugerindo algumas possíveis temáticas.

Fonte: Universia Brasil